Estúdio LG
Do ferro velho surgem novidades, da infância nascem lembranças e da imaginação brota a arte. Luís Guimarães tem 39 anos, diferentes talentos e inúmeros robôs. Conheça agora a sua história e descubra como ele reaproveita materiais para dar vida a peças incríveis.
A primeira coisa que você precisa saber sobre Luís é que ele gostava de fazer seus próprios brinquedos quando era criança, além de guardar uma lembrança bastante especial: “Tenho uma memória forte do primeiro brinquedo que ganhei de madeira. Lembro o formato, lembro o cheiro”, recorda.
O gosto pelas atividades “faça você mesmo” continuaria, enquanto a madeira voltaria a ter uma participação especial em sua vida. Na adolescência Luís teve os primeiros contatos com a mecânica. Com o tempo, entrou para a indústria metalúrgica. Como sempre adorou o desenho, acabou parando na área de projetos mecânicos.
Junto a este conhecimento existia uma veia artística impossível de silenciar. Foi aí que conciliou suas habilidades técnicas com a produção de objetos decorativos, cenários e brinquedos. Em 2002, o Estúdio LG abria as portas e, apenas sete anos depois, ficaria reconhecido pelos incríveis robôs-luminárias.
Da dificuldade à novidade
As peças surgiram quando Luís enfrentava problemas com os seus clientes e precisava começar novos projetos. Os primeiros robôs-luminárias de madeira foram concebidos tanto pelo tempo livre quanto por hobby, sem objetivos comerciais. Até que um dia um amigo indicou o trabalho para uma loja de decoração em Pinheiros (São Paulo). Em uma semana cinco modelos únicos tinham sido vendidos.
“Mas por que um robô? Por que este tipo de brinquedo?”, nós perguntamos. Luís explica que a ideia une um pouco os brinquedos da época de criança com a fase adulta, pois ele é um apaixonado por ficção. “A experiência com as máquinas e a tecnologia também ajudaram. É uma miscelânea de tudo”, conta.
Reaproveitar e misturar
“Eu adoro ir no ferro velho, sempre encontro coisas novas.”
Com tal pensamento, Luís reaproveita matérias-primas que seriam descartadas e dá a elas uma nova cara e utilidade. Em sua oficina existem vários tipos de madeiras, metais e outros materiais que, pelo formato, determinam o resultado final. E é claro que há bastante sobras. É a partir delas que diferentes perspectivas aparecem para criar incessantemente e cada vez mais. O processo se torna praticamente ilimitado.
Depois de encontrar os elementos que darão vida aos robôs a produção costuma ser rápida. Os maiores e mais trabalhosos levam até quatro dias, enquanto dá para criar até 10 modelos de uma linha mais comercial em apenas 24h.
Maria Eduarda, Tunico, Robertão & cia
E dá para se apaixonar ainda mais pelo trabalho apresentado no Estúdio LG. Além de terem características únicas e personalidade própria, os robôs recebem nomes criativos. O primeiro exemplar de todos se chama Tunico, identidade que ganhou graças a uma campanha realizada com os amigos no Facebok. Já a simpática Maria Eduarda é inspirada em uma criança que Luís conhece: “Foi imediato, quando vi o formato da peça eu pensei: essa é a Duda!”, relembra.
Depois vieram muitos outros como João Pedro, Robertão e Alex, além dos mais temáticos: Saci, Morcego e a adorável Maravilha.
Maria Eduarda e Tunico posam para o Westwing. São os dois primeiros robôs-luminárias criados por Luís.
O público e o futuro
Nos últimos cincos anos a aceitação dos robôs-luminárias foi simplesmente excelente. Inúmeros adultos gostam pelo sentimento de nostalgia e muitas crianças, a maioria já apegada à arte, se encantam com os brinquedos. O jeito é continuar, afinal com as peças veio a oportunidade de Luís realizar oficinas criativas pelo SESC, inclusive para pessoas com deficiência.
Além disso, o artista já está elaborando cenários para programas televisivos, logotipos e projetos para uma linha de pequenos móveis. Como será que eles vão chamar?
Fotos © Ramanaik Bueno