Os novos jeitos de morar
Nossas experiências emocionais e relações sociais estão cada vez mais influenciando o modo como vemos e vivemos o lar, transformando os espaços em ambientes de expressão pessoal e comunhão, nos afastando de modismos passageiros e culminando nos conceitos do morar compartilhado, da unificação dos espaços, da valorização das memórias. Convidamos arquitetos de escritórios promissores de São Paulo a explicar melhor estas novas tendências de casa e decoração.
A natureza das memórias
Uma casa moderna celebra a diversidade e recebe de braços abertos múltiplas referências culturais, afinal este é um espaço que abriga pessoas diferentes com talentos e vivencias muito particulares. O resultado? Um décor exótico, muito mais emocional, pautado nas experiências individuais e coletivas que criam uma mistura harmônica e acolhedora.
É o que evidencia o depoimento do publicitário Ademir Viana: “Fazem 3 anos que troquei Recife por São Paulo(…). Nesse processo dividi apartamento duas vezes, primeiro na Vila Mariana e agora no bairro da Bela Vista e dessas experiências tiro que morar com pessoas de diferentes personalidades é um aprendizado na vida. Que o gostoso nisso tudo não é nem o mapa astral, é quando se encontra gente do bem para se conviver, porque fica claro que casa não é apenas um lar, é também relacionamento, que em alguns casos vira até história de amor”.
O compartilhar
Na casa contemporânea, os ambientes são planejados de modo a acolher toda a família e amigos, desde a escolha do mobiliário, sua organização, até como ele é aproveitado, como destaca a arquiteta do Estúdio Diagonal Arquitetura, Ana Daniela Pizzatto: “A nossa casa precisa refletir o tipo de vida que levamos. Algumas vezes precisamos trabalhar de casa e, ao mesmo tempo, olhar as crianças brincando ou fazendo a lição de casa; em outras, fazemos um jantar para amigos, enquanto tomamos um vinho e conversamos; e ainda em outras situações queremos nos isolar do mundo e ouvir nada, senão nossos pensamentos. A essência da arquitetura está na capacidade do profissional para captar estas necessidades tão particulares e concretizá-las com ambientes versáteis que as atendam”.
Espaços funcionais
As relações humanas desempenham um papel central nos novos jeitos de morar, sendo estimuladas através da unificação dos espaços de convivência, que passam a funcionar de forma mais orgânica, prática e colaborativa. De acordo com Thelma Cardoso, arquiteta do Estúdio Diagonal Arquitetura, “a cozinha integrada com sala de almoço, sala de estar e ainda, quando possível, área externa, já foi amplamente incorporada pelas famílias, principalmente as mais jovens. (…) Mudam as relações: os papéis não são fixos, mas intercambiáveis”
O sustentável
Nas chamadas “casas do futuro” o viver é sustentável, o indivíduo um consumidor muito mais consciente e a decoração, por sua vez, cada vez mais pautada na qualidade e durabilidade. Guiado pelo apelo e valor do que é pessoal, exclusivo e único, o design se aproxima cada vez mais do artesanal, dos materiais naturais e da ressignificação dos objetos.
O minimalismo seletivo
O caos da vida agitada fica da porta para fora. Saem os excessos e, dentro de casa, permanece a leveza do essencial. Mas o básico é também pessoal, selecionado com base no desejo e no conforto de quem lá vive. O design fica menos rebuscado, os traços (e a vida) mais simples. Segundo Ivo Magaldi, arquiteto e sócio do 23 SUL Arquitetura, “O desafio fundamental é dar contornos espaciais aos usos e desejos. Seja em casas ou apartamentos, residências grandes ou pequenas, como proprietário ou inquilino, o espaço da habitação será tanto mais interessante quanto maior for a compreensão das atividades ali abrigadas”.
Imagens: Westwing, Estúdio Diagonal Arquitetura © Nathalie Artaxo, 23 SUL Arquitetura e arquivo pessoal de Ademir Viana