Se você, assim como a Jane Jacobs, acredita que a cidade precisa ser projetada para gerar mais conexões humanas. Então, talvez deva conhecer um pouco mais da história e do pensamento dessa grande escritora e ativista social. Personalidade que ficou conhecida por salvar Nova York.
Jane Jacobs. Fonte: Pinterest
Comumente, o diálogo sobre os projetos da cidade acontecem entre arquitetos e engenheiros. A população, salvo raras exceções, acaba não podendo optar pela forma em que a construção da cidade se dará. Jane Jacobs sempre lutou pela preservação das comunidades e dos espaços urbanos em que elas se encontravam.
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Um dos principais conceitos aos quais o pensamento urbanístico de Jacobs se relaciona é o de considerar a escala humana. Isso porque ela evidenciava o quanto empresas e arquitetos desconsideravam o impacto social que os projetos teriam para as pessoas.
Para novos arquitetos e urbanistas e para quem deseja ter um pouco mais de autonomia para falar sobre cidades e urbanização, a Westwing os convida para ler este pequeno artigo que explica quem foi Jane Jacobs e como ela mudou o diálogo sobre urbanismo. Leia mais!
“Morte e vida de grandes cidades” de Jane Jacobs
Jane Jacobs em Morte e vida de grandes cidades, um de seus livros mais famosos, tece uma grande crítica à arquitetura e urbanismo da década de 50. Trouxe um olhar mais humanizado ao tema, o que ainda se faz essencial aos dias atuais.
Evidentemente, considerar a escala humana e os impactos sociais das construções são conceitos que não podem se ausentar dos projetos.
Jane Jacobs introduz seu livro da seguinte forma “Este livro é um ataque aos fundamentos do planejamento urbano e da reurbanização ora vigentes. É também, e principalmente, uma tentativa de introduzir novos princípios no planejamento urbano e na reurbanização, diferentes daqueles que hoje são ensinados em todos os lugares, de escolas de arquitetura e urbanismo a suplementos dominicais e revistas femininas, e até mesmo conflitantes em relação a eles.”
E continua “Meu ataque não se baseia em tergiversações sobre métodos de reurbanização ou minúcias sobre modismos em projetos. Mais que isso, é uma ofensiva contra os princípios e os objetivos que moldaram o planejamento urbano e a reurbanização modernos e ortodoxos.”
Portanto, é evidente o quanto seu principal objetivo era trazer uma nova perspectiva de urbanismo. Uma perspectiva que leva em consideração as memórias da cidade. Ou seja, os prédios antigos, parques de bairro e comunidades que foram marginalizadas.
Pensamento de Jane Jacobs
Um dos principais conceitos que norteiam o pensamento urbanístico de Jane Jacobs é a preservação da comunidade. Em seu livro “Morte e vida de grandes cidades” ela aponta o quanto a cidade é usurpada pela reurbanização inconsequente.
Ou seja, quando os arquitetos apresentam planos para reprojetar as cidades, não consideram de qual maneira a comunidade será impactada. Por exemplo, o fato de pequenos produtores perderem empregos nesse processo não é algo levado em consideração.
E o resultado de uma arquitetura que não considera a escala humana é que comunidades são destruídas. Os cidadãos deixam de ter direito a cidade, e acabam ficando à mercê daquilo que lhes foi dado.
Um exemplo interessante que é abordado no livro é a construção de conjuntos habitacionais, algo muito comum no Brasil também. Jacobs evidencia o quanto esses espaços não tem vivacidade e são totalmente padronizados. O que faz com que os moradores não se sintam acolhidos e muito menos em casa.
Jane Jacobs Biografia
Jane Jacobs nasceu em 4 de maio de 1916, em Scranton nos EUA. Surpreendentemente, Jacobs não se formou em arquitetura e urbanismo. Na verdade ela se formou em ciências políticas e economia na Universidade Columbia.
Entretanto, foi ao se mudar para Nova York, durante o período da Grande Depressão, que começou a observar muito as edificações. Não à toa, morou em Greenwich Village, um dos bairros que mais se distancia do padrão existente na cidade.
Quanto a sua carreira profissional, atuou como jornalista freelancer. E teve artigos publicados em vários veículos, um deles sendo a revista Vogue.
E um grande marco foi um artigo publicado pela revista Iron Age, em que criticava a economia de sua cidade natal. A partir desse texto, que teve uma grande repercussão, ela percebeu que poderia fazer muito mais pelas cidades.
E por esse motivo Jane Jacobs foi a mulher que salvou Nova York das ideias de Robert Moses. Robert Moses foi engenheiro responsável por várias secretarias de desenvolvimento urbano em NY na década de 50. A ideia de Moses era destruir bairros inteiros para um processo de reurbanização. E foi com o ativismo estabelecido pela Jane Jacobs que esses bairros não foram destruídos.
E agora que você sabe um pouco sobre o pensamento de Jane Jacobs, que tal ler nosso artigo sobre Le Corbusier? Um dos arquitetos os quais a autora criticou avidamente em seus trabalhos, uma vez que era muito crítica da arquitetura modernista.
E leia também os artigos sobre Lucio Costa e Alvaro Siza para se aprofundar cada vez mais no mundo da arquitetura e urbanismo.